No dia 31/08/2014, dois Guardas
Civis Metropolitanos da Cidade de São Paulo realizavam a fiscalização do
comércio ambulante na Zona Norte, que recebia a 23ª Bienal do Livro, no
Anhembi, quando se envolveram numa discussão com Edson Ferreira, durante
apreensão de suas mercadorias, chegando ao ponto de entrarem em luta corporal,
que resultou em óbito de Edson e os GCM’s baleados.
Na única versão apresentada até o
momento, consta que durante a luta corporal Edson, que era boxeador, teria
tomado a arma de um dos GCM’s, vindo a atingi-los na cabeça e no abdômen, porém
na reação foi atingido fatalmente por disparo de arma de fogo.
Os programas policiais das principais
redes de televisão aberta adotaram uma postura de acolhimento a família de
Edson e desferiram toda sua arrogância e prepotência de donos da verdade para
avaliar a Guarda Civil Metropolitana como despreparada, exigindo justiça.
As Guardas Municipais do Brasil
são sem sombra de dúvida, o segmento público mais bem preparado para o
desenvolvimento de suas ações, os programas de qualificação são permanentes,
permitindo que esses profissionais possam atuar com excelência em políticas
públicas preventivas de segurança em ações de fiscalização do trânsito, meio
ambiente, do espaço público, bem como, em ações sociais de proteção escolar,
pessoa em situação de risco, prevenção ao uso de drogas e álcool, sendo que ao
uso de arma de fogo, exigência do Estatuto do Desarmamento, instituído pela Lei
nº 10.826/2003, realizam anualmente o Estágio de Qualificação Profissional e
submissão a avaliação psicológica à cada 02 (dois) anos.
No Programa Cidade Alerta, da
Rede Record, apresentado por Marcelo Rezende ao abordar os fatos demonstrou
toda fragilidade dos profissionais de imprensa no Brasil, ao transmitir
informações deturpadas e tendenciosas, inadmissível que o âncora fomente:
1 - Que há no Congresso Nacional
projeto que conceda poder de polícia às Guardas Municipais, pois se este teve
sanção presidencial em 08/08/2014, com a publicação da Lei nº 13.022, que
instituiu normas gerais dessas Corporações, regulamentando o §8 do artigo 144
da Constituição Federal;
2 – Induziu, sem indicar qualquer
fonte, de que o revolver calibre 38 utilizado pelos Guardas Civis
Metropolitanos poderiam ter 7 (sete) tiros, sendo que a Corporação não possui revólveres
com essa capacidade;
3 – Que os Guardas Civis
Metropolitanos lançaram bombas nos familiares, quando não há qualquer indício
de sua autoria, pois no local estavam presente Policias Civis que auxiliaram na
contenção dos ânimos;
4 – Afirmou que Edson foi
alvejado por 6 (seis) projéteis, sendo um deles nas costas, sendo que até o
momento não há notícias de que o laudo da Polícia Científica tenha sido
concluso, mas como pode a Rede Record dispor desses dados?
5 – Que as Guardas Municipais
foram criadas para proteção do patrimônio público e sugere que a Polícia Civil
prenda seus agentes que exerçam o “poder de polícia”, demonstrando total
desconhecimento da legislação, pois ao longo desses anos não tenho conhecimento
da prisão ou condenação de Guardas Municipais por usurpação de função.
6 – Finaliza com a pérola de que
há polícia suficiente e que deveriam colocar todo mundo para trabalhar, mais
uma vez externando seu total despreparo, pois a segurança pública vive um caos
é um déficit gigantesco de policiais e guardas municipais, temos vários
Municípios no Estado de São Paulo que não possuem delegacias da Polícia Civil
ou Batalhões da Polícia Militar, os índices de violência só aumentam.
Lamentável, é a postura de
Percival de Souza, que adota uma postura permissiva, que não condiz com sua
história profissional, ao concordar com os absurdos descritos acima, mas embora
tenha me esforçado nas pesquisas na rede mundial, não consegui descobrir qual a
formação acadêmica de ambos e o que fez serem reconhecidos como jornalistas,
muito menos o que os habilitem falar com tanta propriedade sobre a
aplicabilidade da lei ou de segurança pública, principalmente relacionado ao
uso de arma de fogo.
A cautela institucional é incomoda,
mas sábia, pois os laudos da perícia são fundamentais para o esclarecimento dos
fatos, bem como, a constatação sobre a existência de imagens captadas de alguma
câmera de segurança, só assim teremos condições de legitimar ou não a ação dos
GCM’s ou de Edson, para que então possamos sim clamar por justiça.
Entristece o silêncio dos arautos
defensores da causa azul marinho, que nos presenteiam diariamente com suas
propagandas eleitoreiras partidárias, com as associações e sindicatos que lutam
pelos “interesses” da categoria, permanecerem num silêncio permissivo, não
queremos o enfrentamento, mas ao menos uma nota aos profissionais que deixam
suas famílias para a defesa da municipalidade e que talvez não retornem aos
seus lares, por se tornarem “VÍTIMAS”, de uma sociedade intolerante, e que além
de lutar por suas vidas num leito hospitalar, tenham forças para sobreviverem a
essa execração pública, que não poupa suas famílias e filhos (sim, Guarda
Municipal também é pai e mãe) dessas críticas insanas.
A fatalidade está posta e pode
ser muito pior, pois o estado de saúde dos GCM’s é grave, em razão tão somente por
estarem defendendo seu sustento, um no trabalho informal e outro representando o estado, ambos
em busca do ovo que não pode faltar a mesa.