O transporte público da Cidade São Paulo é um verdadeiro caos, não há políticas públicas definidas ou estudos concretos para melhoria do sistema, o Governo do Estado tem a sua formula mágica que é a construção de mais estações de Metrô e o Município com a construção de corredores de ônibus, a mesma ladainha de décadas durante as campanhas eleitorais.
Algumas medidas políticas são implementadas pela emoção e promoção do executivo, o caso mais notório é a criação do bilhete único em 2004, curiosamente ano de eleições municipais, projeto que teve aceitação maciça da população, porém sem nenhum estudo sobre seus reflexos no sistema de transporte público.
Inicialmente, os ônibus e lotações passaram a ter mais passageiros em razão da integração de até 4 (quatro) conduções pelo valor de uma tarifa, por razões políticas somente em 2005 ocorreu a integração com o Metrô e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), resultado superlotação, mas ainda falta a integração com a rede metropolitana de transportes, ou seja, mais usuários no sistema saturado de transporte público, que em breve passará ser integrado em sua totalidade.
Evidente, que a criação do bilhete único é um avanço, o retrocesso está no poder público que não investe devidamente no transporte público.
O Governo do Estado alardeia que construiu as Linhas Verde e Amarela do Metrô, ou seja, em 16 (dezesseis) anos, somente 21 (vinte e uma) estações, é pouco.
A Prefeitura incentiva o munícipe a utilizar ciclovias, num trânsito assassino da Paulicéia, talvez sua maior realização seja a inauguração do Expresso Tiradentes, uma alternativa inteligente, porém custosa, que demorou 12 (anos) para ser concluída, porém pouco foi feito para melhorar o transporte nas áreas sul e leste da Cidade, principalmente na construção de novos corredores de ônibus.
Na manhã do dia 03/10/11, a Linha Amarela do Metrô teve uma pane, que não foi explicada pelas autoridades públicas, deixando milhares de pessoas sem este tipo de transporte, alguns perseverantes buscaram alternativas que inexistem, numa tentativa frustrada de honrar seus compromissos.
Entretanto, no período da tarde o “SISTEMA” foi normalizado, resolvi então registrar meu retorno à minha residência na hora do Rush:
18 horas – Estação da Luz
Minha primeira alternativa é utilizar o trem (CPTM) com destino a Itaquera serão 20 minutos de percurso, porém, vejo a plataforma, um verdadeiro caos.
Na opção de embarque observo que uma das entradas está obstruída.
O fluxo é único com um número maior de pessoas.
As escadas rolantes são desligadas, para que o tempo de deslocamento até a catraca seja maior.
Na catraca há uma fila enorme.
Nas escadas rolantes de acesso a plataforma estão desligadas, pois há superlotação na plataforma, criando novamente uma fila enorme, não há dignidade nenhuma em tentar embarcar empurrando os outros usuários, busco outra alternativa, vou pela linha amarela.
Na estação vejo o fluxo de pessoas tentando utilizar a rede da CPTM.
Após 15 (quinze) minutos, consigo embarcar na Linha Amarela com destino a estação República, a composição está com muitos usuários, mas suportável.
18h18 – Estação República
As plataformas estão cheias, mas com menos usuários que a CPTM, tenho sorte e vem uma composição vazia, não há tempo para registrar este momento de sorte, porém, há certa demora em sua saída, devido o número de usuários que não querem perder a oportunidade de embarcar com um pouco de dignidade.
18h29 – Estação Sé
Chegamos a famigerada Estação Sé, pesadelo para qualquer usuário do Metrô, o empurra empurra será inevitável, a composição parece explodir de usuários, mas a epopéia continua, com a voz metálica:
“Senhores usuários, não impeçam o fechamento das portas, evitem atrasos”.
19h – Estação Artur Alvim
A saga do Metrô se finda, começa o segundo round, utilizar a lotação.
19h05 – Terminal Artur Alvim
As filas de embarque continuam enormes, as lotações fazem jus ao nome, totalmente lotadas, não é possível embarcar na primeira.
19h15 – Terminal Artur Alvim
Consigo embarcar, a jornada está quase no fim.
19h40
Chego ao meu destino, ou seja, da Estação Luz à Ermelino Matarazzo foram gastos 1h40.
No dia seguinte, faço o mesmo percurso, porém iniciando às 16h10, chego ao meu destino 17h05, ou seja, em 55 minutos, na minha avaliação a maior dificuldade é o embarque, porém há de se considerar o aspecto segurança e a saída escolhida pelo gestor do sistema é dificultar o acesso.
Na propaganda do Governo do Estado o percurso de Santana ao Butantã 1h10, com a Linha Amarela 35 minutos, portanto com Metrô se reduz o tempo gasto pela metade, indicando que o problema permanece no sistema viário da Cidade, mas pouco é feito.
Resta apenas agradecer aos gestores públicos por esse "excelente" sistema de transporte coletivo.