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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Descaso com as delegacias ou falta de ética na mídia?

Ao assistir no Youtube a matéria “Fantástico flagra o descaso nas delegacias brasileira” que foi transmitida no programa Fantástico da Rede Globo no dia 30/01/2011, foi possível realizar várias reflexões sobre o real objetivo do jornalismo investigativo propagado pela emissora.

Curiosamente entre os Estados abordados, somente o de São Paulo possui uma das cidades sedes para a Copa do Mundo de 2014, ficando ausente a presença de estados da Região Sul.

O caos retratado evidencia a ausência de políticas públicas para a segurança pública, que é uma problemática que se agrava ao longo das últimas décadas pela inércia dos Governos Estaduais, porém nenhum Governador foi entrevistado, sendo que o Governador de Goiás é Marconi Ferreira Perillo Junior, de São Paulo é Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, do Tocantins é José Wilson Siqueira Campos e do Pará é Simão Robson de Oliveira Jatene, todos do PSDB, sendo que do Maranhão é Roseana Sarney Murad do PMDB, portanto não foi visitado nenhum estado governado pelo PT.

A matéria direciona para mostrar o abandono da polícia civil, seja pela falta de equipamentos ou de material humano, busca sensibilizar a opinião pública por retratos de dramas pessoais de vítimas de um estado ausente, mas ao invés de direcionar para os políticos, prefere induzir a culpa aos agentes públicos, que trabalham sem condições e com baixos salários.

Interessante que em nenhum momento foi abordado a questão da polícia preventiva ou ostensiva, que é responsabilidade das policias militares, que como as policiais civis devem sofrer com a falta de efetivo e equipamentos, deixando os municípios de menor importância econômica e política a mercê da própria sorte na questão da segurança pública.

No caso da Cidade de São Paulo foi destacado o descaso dos agentes públicos com a população na elaboração do registro de ocorrência, que foi intrigante, pois não abordou  a situação carcerária dos Distritos Policiais, bem como, os inúmeros casos investigados que não possuem solução e os mandados de prisão que não são efetivados, pois somente na permissão temporária  para deixar a cadeia no natal,  7% (1.600) dos presos não retornaram aos presídios.

Entretanto, destacamos a postura do Senhor Marcos Carneiro Lima, Delegado Geral de Polícia Civil de São Paulo, que se responsabilizou pela ineficiência de seus subordinados nos casos mostrados pela reportagem, não transferindo a responsabilidade para outros, postura que deveria servir de exemplo para as demais autoridades públicas e privadas de nosso país.

Inexplicavelmente, temos que digerir que o combate a criminalidade é excepcional em São Paulo, quando os índices divulgados pela Secretaria de Segurança Pública indicam quedas na maioria dos crimes, ou no pioneirismo do Governo do Estado e da Prefeitura Paulistana com a criação da atividade delegada, que permite ao policia em horário de folga trabalhar para o estado, porém pago pela prefeitura, que praticamente extinguiu o crime onde foi instituída, sendo um modelo de segurança a ser exportado para outros municípios e estados, contudo a pergunta persiste: se havia crime, porque nada se fez?

Além do direcionamento político, observamos que há uma tendência em poupar as Policiais Militares, pois dificilmente os Governos Estaduais do Goiás, Maranhão, Pará, São Paulo e Tocantins ofereçam melhores condições a essas Corporações do que as apresentadas na Polícia Civil, talvez a solução para esses municípios seria a criação de Guardas Municipais.