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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Região Central – Verdades ou Mentiras?

No processo de formação, capacitação e qualificação dos agentes de segurança pública nossos incansáveis “Especialistas” e “Técnicos” são absolutos em afirmar que a sistemática operacional e administrativa deve ser construída em planos e metas, pois nossos clientes esperam resultados, pasmem os ditos clientes não são a população e sim subprefeituras, escolas, hospitais entre outros órgãos.

Intrigante é entender como alguém que nunca teve contato diário com a segurança pública possa determinar que tudo está errado e que é a solução do nosso problema, os erros cometidos não são governamentais e sim dos agentes que executam o trabalho, pois não são preparados e qualificados.

Fórmulas mágicas é o que não falta, é policiamento comunitário, atividade delegada, bases móveis, bases fixas, policiamento estático que são concebidos dentro de um planejamento estratégico recheado de metas.

Os dados apresentados são fantásticos, direcionam para qualquer coisa, desde que agrade o chefe e possa ser usado para promoção política e principalmente pessoal.

Recentemente, surgiu um novo conceito na valorização e capacitação profissional que é aprender, ensinar e demitir, o agente que não traz resultados deve ser descartado, pois só há espaço para os bons.

Os números da violência são demonstrados pelos “Especialistas” e “Técnicos”, que são categóricos em afirmar que estamos no caminho certo, que as ruas estão mais seguras, que a taxa de incidência de todos os crimes tem caído, que as metas foram executadas e o resultado é excelente.

A maior conquista é o estatuto de desarmamento que evitou cerca de 13 mil homicídios, evidente que é um fator de redução da criminalidade, porém há uma distorção e falha conceitual, há uma previsão futura da ação criminosa partindo do cenário de 2001, conforme retratado no texto “apreensão de armas de fogo e a redução da violência”.

A alta na taxa de homicídios no Estado de São Paulo é preocupante, pois nossos “Especialistas” e “Técnicos” atribuem o eventual fracasso ao não cumprimento dos planos e metas, ou pior, afirmam que a meta era outra, que pode ser eventualmente constatado na matéria Homicídios na capital crescem após nove anos, publicada no Jornal Agora SP, na edição de 01/05/2010.

A Região Central da Cidade de São Paulo retrata bem essa realidade, existem bases comunitárias, atividade delegada, bases móveis, policiamento motorizado, cavalaria e todas as formas de policiamento existente, porém os índices de criminalidade têm aumentado.

A Região da Praça da República tem uma taxa de homicídios próxima ao do Jardim Ângela na Zona Sul, e inacreditavelmente o bairro do Brás tem a maior taxa da Cidade, segundo dados apresentados na matéria “Violência no Centro”, publicada no Jornal Agora SP, na edição de 01/05/2010.

As Bases Comunitárias da Polícia Militar somente prestam informação à população, pois há uma necessidade de quantificar quantas informações são prestadas diariamente, devido o poder público ter a necessidade de demonstrar que o policial está trabalhando e cumprindo fielmente o determinado nos planos e metas, sendo que a segurança não é a meta. Na maioria das vezes, este policial possui jornada de 12 horas de trabalho, não possui horário regulamentar para refeição e higiene, devem permanecer no local, independente do que ocorra a sua volta, procedimento conhecido como operação visibilidade, fato retratado na matéria “Bases da PM só dão informação”, publicada no Jornal da Tarde, na edição de 02/05/2010.

Conceituar que o policiamento comunitário deve ocorrer de forma preventiva e não a repressão de crimes é deselegante, despreza a capacidade de entendimento da população, ante o quadro vivido na Praça da República, quando se constata a incidência de crimes contra a vida, justificando que o policial existente no local deve apenas prestar informações, em atendimento ao estabelecido nos planos e metas, porque o “policiamento é baseado no modelo Japonês”, conforme retratado na matéria de mesmo título publicada no Jornal da Tarde, na edição de 02/05/2010.

Difícil compreensão dos dados apresentados, pois a Região da 25 de Março e Brás possuem o maior efetivo policial do país, graças ao convênio celebrado entre Prefeitura do Município de São Paulo e Governo do Estado de São Paulo que permitiu a criação da atividade delegada, fato retratado nos textos Rua 25 de Março – Modelo de Segurança Pública, Brás – O lugar mais seguro do País, Operação: Capitão Gancho, Função Delegada – Guerra dos Clones, Convênio da Prefeitura da Cidade de São Paulo e Polícia Militar, Brasil -um país de todos e Rua 25 de Março- Verdades e Mentiras.

Minha indignação é como o desmonte promovido em algumas ações da Guarda Civil Metropolitana na Região Central, possuíamos policiamento com bicicletas, motos, viaturas e bases comunitárias, mas não estavam no planejamento estratégico, por isso esses equipamentos foram realocados, será que tais medidas contribuiram para a redução da criminalidade e principalmente na promoção da segurança dos frequentadores da região?



Publicado no Blog "Os Municipais" em 02 de maio de 2010.